quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Chamada

Eu cá não sou muito de modas. Sou mais de fases. Fases até ao enjoo, até não poder mais. Fases sob fases sob fases. Fases em que (quase) só oiço aquele cd, que (quase) só faço aquele cozinhado, que (quase) só uso aqueloutro acessório. Consoante dá a vontade. Sofregamente até à exaustão. Como se a ânsia de sorver vida se materializasse naquelas pequenas obsessivas paixões. (…hmmm…para quê sessões de psicanálise quando temos à mão a auto-análise?)
Mas voltando às modas, custa-me a entender a adesão massiva a vários e determinados produtos e serviços vendidos. Eu sei que devemos ser tolerantes para os nossos semelhantes e não censurar os gostos alheios. Afinal cada um tem os seus. Contudo há momentos, para mim repulsivos, em que nem sempre consigo manter-me tão racional e que me levam ao mais genuíno e sentido asco. Por muito que me tente controlar é mais forte do que eu.
Ontem ao telefonar para uma ex-colega de curso dou por mim a saltar da cadeira quando do telemóvel sai o execrável som em formato canção intitulado Poeira e cujo nome da cantora não me recordo. Nem faço questão de me recordar, que deus me salve e guarde de tal suplício. Se já me custa a entender porque raio é que alguém nos dá música quando não nos atende – até parece que estão a gozar o pessoal “olha ouve aí uma musiquinha enquanto esperas que sempre te vais distraindo ó palhaço!” – fica muito para lá da minha compreensão porque é que nos hão-de torturar selvaticamente com as suas escolhas musicais.
E se tal episódio já havido sido suficientemente estranho no meu dia - que tais desagradáveis acontecimentos não têm por hábito acontecer-me, graças a deus (gosto de praguejar) - como ela não me atendeu decidi telefonar a um outro ex-colega, que, espante-se, tinha igualmente a irritante musiquinha de espera (sendo neste caso Jack Johnson, vá lá) que à medida que avança, substitui de forma inexorável a vontade de saudar efusivamente o nosso interlocutor pela vontade de injuriá-lo violentamente. É que para mim nada se iguala ao confortável som dos precisos toques sonoros intercalados pelos silêncios expectantes. E isso não quero que me tirem.

2 Comments:

Blogger Jörf said...

Jack Jonhson, vá lá? Fooooodaaa-se, nunca ouvi nada tão horripilantemente colado a Ben Harper!!! Sim, há musiquinhas que vai lá vai!!

quarta-feira, fevereiro 14, 2007 3:45:00 da tarde  
Blogger Unknown said...

Pois... concordo com o jörf! Jack Jonhson, Donovan Frankenreiter e outros que tantos, sem esquecer o execrável James Blunt - por isso gosto tanto de um video clip deste gajo onde se auto-imola - são uma praga quase tão má como a Ivete Cangalho e outras brasileirices irritantes!

quinta-feira, fevereiro 15, 2007 11:58:00 da tarde  

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