terça-feira, janeiro 23, 2007

Contra-vontade.

O meu pai insistiu para tirar um curso como, se de facto, fosse a minha salvação: nota-se, está à vista! A minha mãe sempre quis que eu não andasse a distribuir pancada em todos os putos que me revoltassem: ainda hoje tenho alguns atritos com gente tacanha (mais verbais). O meu irmão propôs que eu, tal como ele, se formasse em música: basicamente, tornei-me num executante vergonhoso. A minha avó paternal, a qual não me via assim com tanta frequência, confessava aos meus pais: “Tenho impressão que ele é homossexual”. A minha namorada de então tinha graves problemas de equilíbrio psíquico: soube mais tarde que acabou por ser encaminhada ao tratamento devido. Assim, julguei que era como ela: extraordinariamente meigo, mas louco, atrofiado e marado dos cornos. A determinada altura e atendendo a estes desgostos e “puxares” de contra-vontade, comecei a isolar-me numa individualidade própria de quem não quer incomodar os outros. A bem da minha paz, o efeito resultou. Todavia, comecei a sentir-me muito só e inverti a situação. Mesmo assim, pergunto-me muitas vezes o porquê (ainda!) dos resquícios: “Foda-se, o que faço eu aqui sozinho quando o pessoal está todo a conviver lá dentro?”